A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar é uma equipe multidisciplinar que todo hospital deve ter, a fim de reduzir os riscos de transmissão de microrganismos patogênicos. Ela deve ser coordenada por um médico infectologista, preferencialmente com pós-graduação em controle de infecções.
Entre as atividades da CCIH estão a elaboração de políticas organizacionais, para reduzir as taxas de infecção hospitalar. Com isso, podem fazer atividades, como criação de protocolos e normas técnicas, gestão racional do uso de antimicrobianos, investigação de surtos e treinamento de pessoal, desde os serviços gerais até as equipes assistenciais.
Parte dos membros da equipe de CCIH devem pertencer ao quadro de funcionários de outras áreas do hospital, como a enfermagem, os gestores/administradores, profissionais multidisciplinares e os gerentes de serviços gerais. Assim, o conhecimento e as práticas podem ser difundidas mais facilmente.
Quer saber mais sobre o tema? Acompanhe nosso post!
O papel da CCIH no fortalecimento da segurança hospitalar
A CCIH faz desde atividades de gestão e liderança até o diagnóstico e o tratamento de infecções hospitalares. No entanto, o principal escopo é a vigilância microbiológica, segundo as normas da ANVISA. Portanto, abrange o monitoramento e a comunicações de eventos de infecção nosocomial (no ambiente hospitalar), de forma contínua e proativa.
Garantir a conformidade com as normas da ANVISA e do Ministério da Saúde
Segundo a portaria do Ministério da Saúde nº 2616, que estabelece a obrigatoriedade da CCIH, o objetivo dessa comissão é “elaborar, planejar, executar, manter e avaliar o Programa de Controle de Infecção Hospitalar“. Esse documento deve ser produzido por todos os estabelecimentos de saúde que internam pacientes ou fazem procedimentos invasivos mais extensos.
Para isso, na norma técnica, sua principal função é expressamente “obedecer todas as normas estabelecidas pela ANVISA”. No que a regulamentação for ausente, a CCIH deve estabelecer regras próprias, de acordo com as melhores evidências clínico-epidemiológicas.
Entre suas diversas as funções estabelecidas pela regulação, estão:
- implementação do Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares (SVEIH) na instituição;
- criação de uma política formal — com normas e condutas prescritivas — de controle e prevenção de infecções hospitalares;
- supervisão de operações de limpeza, desinfecção e controle de infecções;
- promoção de orientações, capacitações e treinamentos continuados para toda a equipe médico-hospitalar, a respeito de infecções nosocomiais;
- uso correto e racional de antimicrobianos, germicidas e produtos químicos que atuam no controle de patógenos;
Cooperação com outras equipes do hospital
Nesse sentido, a CCIH trabalha junto com duas outras comissões, que estão presentes em muitos hospitais de ponta, como:
- Comissão de Vigilância Hospitalar, responsável por garantir a comunicação aos órgãos públicos de todas as doenças de notificação compulsória. Nesse caso, faz toda a investigação prévia para que a documentação seja enviada, segundo as exigências normativas;
- Comissão de Gerenciamento de Risco, que monitora os riscos físicos, químicos, psíquicos, tecnológicos e, é claro, biológicos. Assim, a CCIH também auxilia na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.
Com isso, a CCIH pode participar de ações para:
- elaboração de manuais de biossegurança;
- avaliação e supervisão das práticas conduzidas pelos membros executores;
- comunicação efetiva das normas e das ações de prevenção de agravos transmissíveis;
- elaboração de planos de contingência quando uma infecção hospitalar for identificada.
Supervisão de rotinas operacionais
As rotinas de controle de infecção envolvem:
- descarte adequado do lixo hospitalar;
- limpeza de superfícies de acordo com os riscos biológicos a que elas estão expostas;
- desenvolvimento de mapas de risco microbiológico, planos de controle e de contingência;
- cultura de amostras retiradas dos ambientes de circulação e de internação;
- mapeamento de microrganismos presentes em infecções, principalmente aquelas que se iniciaram após a admissão do paciente;
- processamento de culturas microbiológicas, seguindo todas as normas de biossegurança;
- prescrição de antimicrobianos para o tratamento de infecções, com a finalidade de garantir o uso racional desses fármacos e evitar o desenvolvimento de cepas resistentes às terapias atuais.
A CCIH não está na linha de frente da execução da maioria dessas ações. Sua função é estabelecer diretrizes baseadas em evidências e normas regulamentares. Depois disso, deve monitorar para garantir o seu rígido cumprimento. Isso demanda uma atenção especial ao setor de compras, como veremos a seguir.
O CCIH e seu papel na cadeia de suprimentos hospitalares
Uma função muito pouco conhecida da CCIH é a supervisão de operações da cadeia de suprimento de um hospital. Dentro desse seu papel, ela dá suporte às fases iniciais e finais da aquisição de suprimentos (como EPI’s, equipamentos invasivos, produtos químicos). Afinal, na maioria dos casos, as compras hospitalares são técnicas. Ou seja, precisam ser observados inúmeros critérios, além do preço, da qualidade e da agilidade de entrega.
A CCIH estabelece diretrizes para compras de germicidas, luvas, máscaras, cateteres e outros insumos hospitalares. Os membros executores devem supervisionar cada compra para garantir a aquisição de lotes aprovados pela ANVISA e que estejam dentro do prazo de validade.
A escolha do fornecedor e do equipamento devem garantir a máxima proteção do paciente e do profissional. Em outras palavras, os riscos de uma compra inadequada são muito grandes e podem levar ao comprometimento da vida, da saúde e do bem-estar. Por isso, esse tipo de operação precisa ser coordenada por pessoas de elevada capacitação técnica e responsabilidade profissional.
Por isso, a CCIH é coordenada por médicos e compostas por profissionais da saúde, com o dever legal de zelar pela saúde e vida dos indivíduos. Mesmo sem culpa direta, eles podem ser responsabilizados se tiverem negligenciado a supervisão das compras. De acordo com as atividades mais frequentes do hospital, é importante garantir níveis de estoque sempre positivos. Isso envolve um planejamento muito detalhado devido à diversidade de insumos hospitalares.
Por exemplo, apenas em relação às luvas, existem os tipos:
- de polietileno longas;
- vinílicas sem amido;
- nitrílicas médicas;
- cirúrgicas;
- de látex para procedimento;
- de látex para a limpeza de superfícies.
Sem a luva adequada, pode haver facilitação da transmissão de microrganismos pelas mãos dos profissionais do hospital. Uma luva de procedimentos comuns não pode ser usada para cirurgias, que demandam um controle maior de microrganismos. Luvas de limpeza precisam ser trocadas com a periodicidade adequada, para evitar a colonização de bactérias e fungos em sua superfície.
Portanto, ao montar uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, é muito importante criar uma equipe multidisciplinar e bem capacitada. Ela deve observar algumas funções muito sutis para o sucesso da prevenção de infecções, como a aquisição de insumos e a comunicação da política de controle de microrganismos.
Quer saber mais sobre o tema? Siga as nossas páginas nas redes sociais: Facebook, LinkedIn e Instagram!