Sem dúvida, o controle de infecção hospitalar é um dos grandes desafios dos gestores de saúde. Afinal de contas, os estabelecimentos do setor são propícios à transmissão de doenças, o que resulta em aumento de custos e prejuízos à imagem institucional. O pior cenário possível envolve os casos de infecção generalizada.
O número de infecções generalizadas no Brasil é desconhecido. Mas um levantamento aleatório de um dia em cerca de 230 Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) apontou 30% de ocupação de leitos e letalidade próxima de 50%. O estudo foi conduzido pelo Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS).
Sepse ou septicemia é o termo médico utilizado para designar a infecção generalizada. Neste artigo, vamos explicar melhor esse conceito, mostrar os tipos de infecções existentes e o que os gestores podem fazer para evitar tais casos. Boa leitura!
O que é Sepse hospitalar?
Sepse ou septicemia é o conjunto de infecções graves que afetam todo o organismo e podem ocasionar a falência múltipla de órgãos. A infecção pode se instalar em um único órgão, porém, nos casos em que há inflamação generalizada como resposta ao quadro, ocorre a sepse.
Em geral, o organismo humano é capaz de se defender de agentes externos prejudiciais à saúde, como fungos, bactérias e vírus. Contudo, quando se trata de uma infecção muito grave, os mecanismos de defesa ativados pelo próprio corpo comprometem as funções vitais.
Por esse motivo, o sistema circulatório não consegue atender às necessidades sanguíneas de órgãos e tecidos. A infecção atinge mais comumente o trato urinário, a abdômen, os pulmões, as meninges e a pele. Estão no grupo de risco os idosos, os bebês prematuros e os pacientes com câncer, diabetes e insuficiência cardíaca, por exemplo.
Quais são os tipos de infecção?
Sabemos que bactérias, vírus, fungos e protozoários são agentes que transmitem doenças. Todavia, há diferentes maneiras desses agentes provocarem infecções. São elas:
- infecções exógenas — são contraídas por meio das mãos, contato com profissionais e até mesmo visitas. Nesse caso, o agente infeccioso não faz parte da microbiota do paciente;
- infecções endógenas — ocorrem, normalmente, devido à fragilidade do sistema imunológico, por microrganismos desenvolvidos pelo próprio paciente;
- infecções cruzadas — acontecem quando o agente infeccioso é transmitido entre diferentes pacientes que se encontram internados;
- infecção inter-hospitalar — é levada de um hospital a outro, seja por nova internação do paciente após a alta, seja por transferência de unidade.
Como prevenir a infecção generalizada em hospitais?
Para evitar os casos de sepse ou infecção generalizada, é preciso adotar medidas que diminuam o risco de infecções no ambiente hospitalar. Abaixo, elencamos as principais práticas a que todo gestor de saúde deve atentar. Veja!
Fazer a higienização das mãos corretamente
Um dos principais meios de transmissão de doenças são as mãos. Por esse motivo, é imprescindível realizar sua higienização adequadamente e nos momentos certos. É preciso lavar com água e sabonete líquido as palmas e as costas das mãos, bem como os punhos, os espaços entre os dedos e a região das unhas.
A higienização das mãos deve ser feito a cada novo procedimento e contato com o paciente ou com regiões próximas a ele. Também é necessário repetir o procedimento após o contato com fluidos corporais e o término de cada atendimento. Se preciso for, utilize preparação alcoólica após a lavagem.
Realizar a desinfecção e esterilização dos instrumentais
Atente para que a desinfecção e a esterilização dos instrumentais hospitalares seja feito com todo o rigor. Mas atenção: observe se tais procedimentos estão sendo executados após a adequada limpeza dos instrumentos. Lembre-se ainda de que determinados aparelhos, como os nebulizadores, precisam ser esterilizados antes de cada uso.
Seguir os protocolos de higiene e limpeza
Os hospitais têm seus próprios protocolos de limpeza e higiene que devem ser respeitados. Lavar as mãos logo após adentrar nos quartos e realizar a higienização de equipamentos regularmente, conforme as indicações, são exemplos disso. É fundamental cumprir essas e outras normas com rigor para prevenir a infecção generalizada nos estabelecimentos de saúde.
Manter a vacinação em dia
A caderneta de vacinação dos colaboradores de saúde devem estar, necessariamente, em dia. Afinal de contas, muitas doenças infecciosas são transmitidas pelo simples contato, como por meio do toque ou até mesmo pelo ar. Ao imunizarem os profissionais de saúde, os hospitais evitam a transmissão de enfermidades dentro de seus espaços e, consequentemente, diminuem as chances de infecção hospitalar.
Evitar o trânsito desnecessário pelo hospital
Os hospitais não são espaços de lazer para que os colaboradores transitem livremente por seus corredores na hora em que desejarem. É bom lembrar que, para a segurança dos próprios profissionais, determinados ambientes devem ser restritos. Portanto, sinalize-os adequadamente. O mesmo controle precisa ocorrer nos quartos, nos quais só está autorizada a entrada dos responsáveis por assistir ao paciente.
Utilizar adequadamente os equipamentos de proteção individual
Os equipamentos de proteção individual (EPIs) são essenciais para garantir a segurança dos colaboradores e dos pacientes durante a execução de procedimentos. Afinal, eles servem como barreira contra microrganismos que afetam a saúde, logo, seu uso é obrigatório, conforme determina as normas regulamentadoras vigentes.
Cabe aos gestores hospitalares dar atenção especial na aquisição de EPIs, como luvas, máscaras, aventais, óculos de proteção, touca e até mesmo sapatos fechados. É preciso optar por materiais de qualidade, que protejam, de fato, os profissionais e os pacientes. Ao mesmo tempo, devem proporcionar conforto durante a realização das atividades.
Promover treinamento continuado às equipes
Outro papel dos gestores de saúde é conscientizar suas equipes sobre a importância das boas práticas dentro dos hospitais. Sendo assim, é fundamental que os colaboradores sejam treinados continuamente, a fim de que desempenhem suas funções de forma correta e segura e compreendam os riscos de não cumprir os protocolos.
No decorrer deste artigo, você entendeu o que é sepse hospitalar e como os casos de infecção generalizada podem ser prevenidos dentro do hospital. A adoção de boas práticas é imprescindível para evitar que as infecções graves afetem os pacientes e coloquem em risco suas vidas e a reputação do seu estabelecimento de saúde. Portanto, o rigor na execução dos protocolos é mais que necessário.
Achou o conteúdo relevante? Se sim, dissemine conhecimento para seus contatos. Compartilhe-o em suas redes sociais!