A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) foi criada para promover a segurança do trabalho em todas as empresas e instituições. Formada por representantes de colaboradores e da administração, ela levanta riscos, promove a conscientização e sugere práticas preventivas.
Por isso é tão importante ter a CIPA em hospital, devido à natureza das atividades realizadas. Sua presença vai além de proteger as equipes de saúde, visto que beneficia pacientes e o funcionamento efetivo das operações hospitalares.
Pensando nisso, selecionamos as principais ações para estruturar essa comissão com eficiência. Confira.
1. Identificação dos riscos nas funções ocupacionais
Detectar riscos nas práticas hospitalares exige uma avaliação minuciosa e contínua do ambiente. Conheça as principais demandas.
Procedimentos realizados
Os riscos associados a processos de saúde englobam administração de medicamentos, manuseio de materiais biológicos e realização de cirurgias. A análise deve considerar o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), tais como luvas, máscaras e aventais, além de práticas seguras como higiene das mãos e descarte adequado de resíduos.
Ferramentas utilizadas
A análise dos aparatos e recursos hospitalares verifica seu bom funcionamento e uso adequado. Materiais médicos, como seringas, bisturis e cateteres apresentam risco de acidentes perfurocortantes e devem ser manipulados com cuidado. A manutenção regular desses insumos e a capacitação dos funcionários são práticas essenciais para mitigar acidentes.
Grau de contaminação e transmissão
Os riscos biológicos são predominantes em hospitais, pois a exposição a agentes patogênicos é frequente. Identificar áreas de maior risco, como UTIs e salas de emergência, é o primeiro passo para a formulação adequada da CIPA. Medidas de controle incluem a implementação de protocolos de limpeza e desinfecção.
2. Investigação e análise de acidentes
A apuração de ocorrências é necessária para levantar as causas implícitas e elaborar melhorias eficazes. Esse processo é feito em duas etapas importantes.
Coleta de dados
A investigação de um acidente começa com o registro completo de informações. Para isso, é preciso entrevistar todos os envolvidos — vítimas, testemunhas e supervisores —, para obter um entendimento completo dos eventos que levaram ao acidente.
É necessário levantar as condições ambientais, os equipamentos utilizados e qualquer fator comportamental que possa ter contribuído. Fotografias do lugar do acidente, bem como a coleta de documentos relevantes (relatórios de segurança, registros de manutenção e protocolos operacionais), são demandas indispensáveis.
Análise causal
A avaliação deve considerar fatores humanos, técnicos e organizacionais que possam ter contribuído. Por exemplo, erros de colaboradores podem resultar de falhas de treinamento ou de carga de trabalho excessiva, enquanto falhas técnicas podem estar relacionadas à manutenção inadequada ou ao uso de dispositivos obsoletos.
3. Desenvolvimento do mapa de risco de cada setor do hospital
A próxima etapa é fazer com que o hospital não vivencie ocorrências iguais ou parecidas com as que foram investigadas. Nesse caso, é imprescindível fazer o mapeamento de riscos de todos os departamentos da instituição. As recomendações são as seguintes:
- estacionamento: considere situações relacionadas à sinalização, a colisões e à acessibilidade pessoal, principalmente em horários de muito movimento;
- recepção: avalie a ergonomia devido à permanência prolongada em posições inadequadas e ao contato direto com o público;
- corredores: observe a possibilidade de quedas devido a pisos molhados, obstáculos que possam dificultar a circulação e a necessidade de sinalização adequada;
- consultas: analise a exposição a patógenos e a manipulação de equipamentos médicos;
- ala de exames: além do contato com agentes biológicos, leve em conta o nível de radiação e o uso de substâncias nocivas;
- ala cirúrgica: pondere o risco de contaminações, o manuseio de instrumentos cortantes e perfurantes e a necessidade de esterilização dos materiais e do local;
- leitos: os riscos corresponde a limite de pacientes por leito e infecções hospitalares;
- cozinha: considere condições atípicas, como cortes, queimaduras, intoxicações alimentares e uso de equipamentos elétricos;
- lavanderia: avalie a manipulação de produtos químicos e a operação de máquinas pesadas;
- almoxarifado: riscos de armazenamento inadequado e movimentação de cargas pesadas devem ser observados.
4. Criação do programa preventivo da CIPA
Esse projeto deve ser amplo, contínuo e adaptável às demandas específicas do hospital. Aqui estão as etapas para desenvolver e implementar uma abordagem preventiva eficaz.
Educação e treinamento
Desenvolva um plano de capacitação constante para todos os colaboradores, abordando tópicos como:
- uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs);
- procedimentos de emergência e evacuação;
- técnicas de higiene e prevenção de infecções;
- manuseio seguro de materiais e equipamentos.
Promova palestras e simulados com a CIPA, para garantir que todos estejam preparados para lidar com situações de risco.
Comunicação adequada com a equipe
Crie canais de contato eficientes para compartilhar informações importantes. Para isso, utilize cartazes, murais, newsletters e e-mails, a fim de manter os colaboradores informados. Coloque sinais claros e visíveis em todo o hospital para indicar rotas de fuga, itens de emergência e áreas restritas.
Campanhas de conscientização pública
Organize ações para sensibilizar a todos sobre a importância da prevenção de acidentes. Essas campanhas devem abordar as seguintes práticas:
- distribuição de folhetos educativos;
- realização de dias temáticos focados em segurança;
- competências e prêmios para destacar boas ações preventivas.
5. Avaliação de impactos provenientes de alterações no ambiente
Adaptações são feitas de forma casual ou urgente em hospitais, modificando parcial ou completamente os setores. Nesse sentido, a coleta de informações quantitativas e qualitativas é a melhor saída para avaliar a efetividade dessas alterações. Portanto, levante indicadores de desempenho — taxas de infecção, número de acidentes no período, tempo de recuperação do paciente e satisfação do público —, para ter uma visão detalhada dos impactos.
Por fim, considere as perspectivas dos profissionais de saúde, pois eles estão diretamente envolvidos e podem fornecer dados relevantes sobre os desafios e benefícios das mudanças implementadas.
6. Reavaliação periódica dos riscos nos setores
Para revisar regularmente os riscos hospitalares, realize auditorias regulares, que podem ser trimestrais ou semestrais, dependendo da complexidade e das necessidades de cada setor. Durante esse acompanhamento, considere demandas como:
- riscos associados a cada área;
- segurança dos pacientes;
- condições de trabalho dos funcionários;
- conformidade com regulamentações de saúde.
Registre todas as descobertas de forma sistemática e objetiva. Ao final do processo, analise os resultados e desenvolva um plano de ação para abordar quaisquer áreas de preocupação identificadas. Implemente medidas corretivas conforme necessário e acompanhe o progresso ao longo do tempo, para garantir que os riscos sejam adequadamente controlados.
Viu só como a CIPA em hospital é capaz de promover a segurança e prevenção de acidentes? Seus benefícios são muitos, especialmente no que se refere à promoção da cultura de segurança entre colaboradores e pacientes, o que deixa a instituição em evidência na região e no segmento de saúde.
No entanto, é sempre válido reforçar que essa comissão deve contar com apoio administrativo, recursos adequados e participação ativa da equipe. Por meio do engajamento coletivo, é possível criar um ambiente hospitalar mais seguro e saudável para todos.
Gostaríamos de ouvir sua opinião. Se você tiver dúvidas, sugestões ou quiser complementar algo sobre o papel da CIPA em hospital, comente aqui.