Contaminação hospitalar é aquela adquirida pelo paciente, acompanhante ou profissional dentro dos hospitais, ou em unidades de atendimento. O conceito abrange pacientes que estejam em alta, mas contraíram a infecção enquanto estiveram nas dependências do estabelecimento de saúde.
É importante que os profissionais da saúde sejam conscientizados para adotar medidas que auxiliem no controle de infecção hospitalar, pois com elas é possível evitar um grande número de mortes e complicações.
Segundo dados da OMS, pelo menos 30% das infecções hospitalares podem ser evitadas, desde que medidas preventivas sejam adotadas. Estima-se que anualmente 1 milhão de mortes sejam ocasionadas por infecção dentro do hospital ou consequências dela.
Os pacientes mais afetados são aqueles em unidades de terapia intensiva (UTI), pois além de estarem em estado de saúde mais frágil, dependem de respiradores, cateteres e demais procedimentos invasivos.
Neste artigo, vamos falar sobre a importância de combater a contaminação hospitalar e mostrar 7 práticas que ajudam no controle de infecções nos estabelecimentos de saúde. Confira!
Por que é fundamental combater a contaminação hospitalar?
O ambiente hospitalar é propício à proliferação de infecções. Afinal de contas, é um local destinado a tratar pessoas doentes, que de alguma forma sofrem de determinado tipo de desequilíbrio em seu organismo.
O próprio sistema imunológico dos pacientes tende a ficar enfraquecido quando eles padecem de alguma enfermidade. Logo, o risco de contaminação hospitalar aumenta — tanto de colaboradores para pacientes, quanto entre um paciente e outro.
Quando isso acontece, o tempo de internação precisa ser aumentado. Afinal, será preciso tratar a infecção, cada vez mais resistente aos antibióticos. Tal quadro representa aumento de custos para o hospital, que muitas vezes perde a oportunidade de atender um novo paciente devido à indisponibilidade de leitos.
Mas o pior cenário é quando o paciente vem a óbito após ter contraído uma infecção dentro do hospital. Isso compromete ainda mais a imagem da instituição, colocando em risco sua própria sustentabilidade ao longo do tempo, sem falar nos casos em que é preciso responder judicialmente ao fato e pagar indenizações.
A contaminação hospitalar também é prejudicial aos estabelecimentos de saúde quando ela afeta os profissionais do ramo. É que, nesse caso, eles ficam impedidos de trabalhar, pois precisam passar por tratamento até se recuperarem. Assim, há déficit no quadro de colaboradores, o que pode levar à sobrecarga dos demais e aumentar os riscos de falhas durante a execução de procedimentos.
Quais medidas adotar para evitar contaminações em hospitais?
Abaixo, listamos medidas essenciais para combater a contaminação hospitalar dentro da sua instituição. Acompanhe!
1. Utilize equipamentos de proteção
Nos hospitais, os maiores riscos não são aqueles associados a acidentes físicos, mas sim aos riscos de contaminação. O contato com vírus, bactérias, fungos e substâncias químicas deixa os profissionais suscetíveis a doenças.
Vale lembrar que faz parte da rotina dos profissionais da saúde manipular produtos químicos e fluidos corporais e ter o contato direto com pessoas infectadas. Ao manusear, visitar ou inspecionar pacientes, é mandatório que os colaboradores — como médicos e enfermeiros — utilizem EPI’s (equipamentos de proteção individual) como:
- luvas: utilizar ao entrar em contato com os pacientes, em procedimentos gerais e procedimentos cirúrgicos. Recomenda-se descartar após o uso;
- máscaras: usar quando em contato com pacientes, para procedimentos gerais e também procedimentos cirúrgicos. Também devem ser substituídas e descartadas após o uso;
- aventais: o uso de roupas adequadas protege contra respingos e substâncias. Devem ser devidamente descartadas ou higienizadas após utilização;
- óculos de proteção: usar para proteger os olhos dos colaboradores de excreções ou secreções durante os procedimentos. Precisa ser devidamente higienizado e esterilizado após a utilização;
- toucas: aconselha-se o uso para a proteção contra componentes contaminantes e para evitar a queda de cabelos na realização de procedimentos. Devem ser descartadas logo após o uso.
É preciso sublinhar que os EPI’s ganham ainda mais importância em um contexto de pandemia, como a do novo coronavírus. Afinal, tais equipamentos criam uma barreira de proteção contra o acesso do vírus no organismo, evitando que a doença se espalhe e leve o estabelecimento de saúde à sobrecarga. Sem contar que vidas podem ser perdidas devido ao quadro infeccioso para o qual ainda não existe remédio nem vacina.
2. Use materiais descartáveis nos procedimentos
Os materiais de uso curto ou único reduzem o índice de contaminação hospitalar. Aliás, eles são muito importantes, pois auxiliam a proteção dos colaboradores e diminuem a propagação de bactérias e outros patógenos. Os materiais descartáveis contam com uma ampla gama de produtos, os mais utilizados são:
- seringas;
- toucas cirúrgicas;
- luvas cirúrgicas;
- algodão;
- gaze;
- máscaras cirúrgicas.
Lembre-se de que, assim como utilizar materiais descartáveis é importante, o descarte e o destino adequados também deve ser uma preocupação dos hospitais. Portanto, separe os materiais contaminantes, perfurocortantes e outros resíduos hospitalares do lixo comum para que eles tenham uma destinação correta.
3. Realize a higienização das mãos com frequência
Diariamente entramos em contato com superfícies, produtos e locais públicos, os quais podem apresentar contaminação. Por isso, é necessário higienizar as mãos repetidas vezes durante o dia. A higiene adequada reduz drasticamente o índice de infecções e doenças infectocontagiosas.
A higienização das mãos é ainda mais importante em períodos de frio, pois são épocas de grande disseminação de vírus como o Influenza (causador da gripe), e as pessoas passam mais tempo em locais fechados.
Por falar nisso, que tal recordar como higienizar as mãos corretamente? Confira nosso passo a passo:
- lave as palmas com água e sabão;
- esfregue o dorso da mão;
- esfregue as articulações;
- lave os polegares;
- lave as pontas dos dedos e sob as unhas;
- lave os punhos;
- enxágue as mãos;
- seque com toalhas descartáveis.
O álcool em gel é um ótimo aliado para reduzir o número de microrganismos. No entanto, ele não remove as sujidades, apenas diminui a quantidade de micróbios. Portanto, o produto deve ser usado por colaboradores da saúde somente após a correta lavagem das mãos.
4. Mantenha o jaleco sempre limpo
Além da lavagem constante, lembre-se de não utilizar o jaleco fora do hospital, pois ao andar na rua com a vestimenta você pode contaminá-lo com diferentes patógenos que serão conduzidos para dentro do estabelecimento de saúde. Preste atenção, também, para não consumir alimentos utilizando o jaleco, pois além da possibilidade de sujá-lo, é possível contaminá-lo durante a refeição.
Cuidado ao transportar o jaleco — acondicione-o em recipiente específico no transporte entre a casa e hospital. Lembre-se ainda de lavá-lo separadamente de outras peças. É preciso deixá-lo de molho em solução de água com água sanitária antes da lavagem, que deve ser feita com água e sabão. Por fim, deixe-o de molho novamente, mas agora em solução de água e álcool.
5. Esterilize os equipamentos antes de utilizar
Para equipamentos cirúrgicos ou aparelhagem não descartável, a esterilização é uma etapa necessária antes do uso. Verifique se todos os equipamentos utilizados em cirurgias e procedimentos foram devidamente higienizados. Os hospitais devem contar com uma área específica para esterilização de materiais.
O objetivo é livrar os equipamentos não descartáveis de vírus, fungos e bactérias. O procedimento deve seguir as seguintes etapas:
- destinação ao expurgo: área destinada à recepção de material sujo;
- preparação de materiais: identificar, inspecionar, selecionar e embalar separadamente para posterior esterilização;
- esterilização: limpeza de peças utilizando meios físicos ou químicos, respeitados os tempos e as classes de agressividade de cada item;
- distribuição dos materiais: depois de devidamente higienizados, os equipamentos devem ser enviados para os setores de uso.
6. Estabeleça medidas de higiene para o hospital
Toda equipe deve ser instruída sobre as boas práticas de higiene e manutenção do ambiente hospitalar. Logo, é importante estabelecer uma rotina de limpeza. Distribua lembretes e informativos de riscos e cuidados em todos os espaços.
Tão importante quanto estabelecer as medidas obrigatórias de limpeza é verificar se os colaboradores estão cumprindo devidamente as instruções. Organize workshops e cursos periódicos para lembrar da importância das medidas e como cuidados simples podem melhorar o controle de infecção hospitalar.
Uma dica extra é evitar visitar hospitais, acompanhado de bebês, crianças e idosos. Esse público é mais propenso à contaminação hospitalar, por isso, o cuidado deve ser redobrado. Respeite as normas de higiene e evite permanecer em locais fechados ou em contato com outras pessoas, quando não houver necessidade.
7. Monitore e avalie as práticas adotadas
Além de tomar todas as medidas preventivas necessárias contra as infecções hospitalares, é fundamental acompanhar e avaliar a extensão das práticas adotadas. Afinal, elas têm surtido efeito?
Para saber a resposta, os gestores hospitalares podem lançar mão dos softwares de gestão para a área da saúde. Tais ferramentas armazenam dados importantes, a partir dos quais é possível analisar a situação do ambiente hospitalar e tomar decisões que melhorem os processos e o atendimento dentro da instituição.
Seja oriunda de vírus, bactérias ou fungos, a contaminação hospitalar é a maior causa de mortes em hospitais, logo, representa uma grande preocupação para pacientes que permanecem longos períodos internados, bem como para os que se encontram em quadros frágeis. Sendo assim, é muito importante adotar cuidados de controle de infecção hospitalar e verificar se as medidas cautelares estão sendo cumpridas.
Gostou do que leu? Agora responda com sinceridade: seu hospital está preparado para evitar as temidas infecções? Confira o guia completo de equipamentos de proteção para o profissional da saúde e entenda melhor a importância dos EPI’s para o combate à contaminação hospitalar!
Excelente comentário, ou melhor, artigo. Certamente irei repassá-lo para outros colegas prevencionistas, se não se importarem, claro!
Repito: excelente artigo.
Amei o post 🙂