Você conhece quais as principais causas e tipos de infecção hospitalar no Brasil e no mundo? Quadros infecciosos atingem pacientes internados tanto em hospitais públicos como privados ao redor do globo, logo, é preciso adotar medidas que combatam efetivamente as contaminações nesses ambientes.
A infecção hospitalar tem origem multifatorial. Sendo assim, preveni-la requer um conjunto de práticas que devem ser seguidas rigorosamente por todos os colaboradores, inclusive por aqueles que não têm contato direto com os pacientes. Seu hospital está preparado para enfrentar esse desafio?
Este conteúdo visa justamente ajudar você nessa missão. Entenda, durante a leitura, o que é infecção hospitalar, quais as principais causas e quais práticas adotar para prevenir as contaminações!
O que é infecção hospitalar?
Infecção hospitalar ou Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (IRAS) é a contraída após o ingresso do paciente no hospital ou depois de sua alta, desde que esteja relacionada à sua internação ou passagem pelo estabelecimento. Um exemplo são as infecções adquiridas após a realização de procedimento cirúrgico.
O quadro de infecção hospitalar é ruim para qualquer instituição de saúde, pois:
- requer o uso de antibióticos por um tempo maior, para tratar a infecção;
- pode levar à necessidade de nova cirurgia, no caso de pacientes pós-cirúrgicos;
- aumenta o tempo de internação ou exige novo internamento, no caso de pacientes que já haviam recebido alta;
- aumenta os custos do hospital devido ao leito ocupado e à necessidade de tratamento por causa do quadro infeccioso.
Sendo assim, a infecção hospitalar impacta diretamente a saúde dos pacientes e o trabalho dos médicos e dos enfermeiros. Além disso, coloca em risco a reputação do estabelecimento de saúde. Nesse sentido, é urgente entender suas principais causas e as práticas que precisam ser adotadas para preveni-la.
Quais são os tipos de infecção hospitalar?
As infecções hospitalares podem ser classificadas de acordo com os microrganismos e a maneira que são inseridas no corpo. Sendo assim, podem ser definidas como:
- endógena: é a infecção provocada por meio da disseminação de microrganismo do próprio indivíduo, sendo mais comum em pessoas com o sistema imunológico mais comprometido;
- exógena: é aquela causada por intermédio de um agente infeccioso que não integra a microbiota do indivíduo, sendo adquirido por meio das mãos dos profissionais de saúde ou como consequência de alimentos e medicamentos contaminados e demais procedimentos realizados;
- cruzada: mais habitual quando há muitos pacientes na mesma UTI, favorecendo a transmissão dos agentes infecciosos entre os indivíduos internados;
- inter-hospitalar: são aquelas levadas de uma unidade de saúde para outra. Isso significa que o paciente adquire a infecção no hospital que teve alta, mas foi internado em outro.
Identificar o tipo de infecção hospitalar é necessário para que a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar elabore estratégias eficazes de prevenção e controle de microrganismos nos ambientes hospitalares.
Quais as principais causas de infecção hospitalar?
A seguir, listamos quais as principais causas de infecção hospitalar. Veja!
Falta de higienização das mãos
As mãos são consideradas um dos principais canais de transmissão de doenças. Afinal, vírus e bactérias podem acessar o nosso organismo por meio das mãos contaminadas. Logo, deixar de fazer a higienização correta delas, a cada novo procedimento, põe em risco a saúde dos pacientes e dos próprios colaboradores.
A lavagem e a higienização devem ser rigorosas em qualquer que seja o caso, especialmente antes da realização de cirurgias, intubação e passagem de cateter, por exemplo. Vale lembrar de que, além da higiene das mãos, grande parte das atividades requer o uso de luvas, cujo descarte deve ser feito logo após o término de cada tarefa.
Doenças preexistentes
Pacientes com doenças preexistentes correm um risco maior de desenvolver infecções hospitalares. Enquadram-se nessa categoria as pessoas com câncer, os diabéticos, os obesos e os indivíduos com insuficiência renal, por exemplo. Os transplantados também têm chances mais altas de contraírem infecções. Isso acontece devido à vulnerabilidade do sistema imunológico.
Além disso, os recém-nascidos e os idosos também estão no grupo de risco. Portanto, o trato com esses pacientes deve ser ainda mais rigoroso. Seguir os parâmetros determinados pelas normas vigentes é importante para diminuir o tempo de internação, já que um período maior dentro do hospital favorece o quadro de infecção.
Uso de medicamentos
O uso de determinados medicamentos pode causar desequilíbrio da flora bacteriana do organismo e da pele, além de comprometer o sistema imunológico do paciente. Por isso, é fundamental que o médico avalie com cuidado e regularidade a situação clínica dos pacientes, considerando o histórico de saúde de cada um deles, a fim de evitar o quadro infeccioso.
Pouca disponibilidade de funcionários
A pouca disponibilidade de funcionários também está entre as principais causas de infecção hospitalar. Muitas vezes, um único enfermeiro dedica-se a cuidar de diversos leitos, dificultando a adequada preparação entre um atendimento e outro. Portanto, tal quadro aumenta as chances de transmissão e propagação de doenças.
Estrutura hospitalar deficiente ou mal planejada
A estrutura física de um hospital é um ponto que merece atenção. É preciso cuidar para que o sistema de ventilação e de água estejam em perfeito estado. Além disso, a presença de pias na entrada ou dentro dos quartos é fundamental para a lavagem das mãos antes do contato com o paciente.
Alertamos, ainda, para a necessidade de disponibilizar papel toalha e álcool em gel 70%. Da mesma maneira, os leitos precisam manter uma distância mínima. Aliás, quanto menos pacientes em um mesmo ambiente, menores as possibilidades de eles serem acometidos por infecções hospitalares.
Quais práticas adotar para evitar as contaminações?
A infecção hospitalar é um problema enfrentado em todo o mundo. Na Europa, ela atinge quatro milhões de pacientes todos os anos e leva a óbito aproximadamente 37 mil pessoas de forma direta. Referência na área, o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) afirma que entre 20% e 30% das infecções poderiam ser prevenidas com higienização e programas de controle.
No Brasil, as infecções contraídas em hospitais acometem 14% dos pacientes internados — incluindo tanto o sistema público como o privado —, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Contudo, o percentual pode ser bem maior, já que para especialistas em infectologia há subnotificação de casos.
Com o propósito de diminuir a taxa de infecções dentro dos estabelecimentos de saúde, um programa de controle precisa ser elaborado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). As atividades executadas pelos profissionais que fazem parte da CCIH nortearão o trabalho de todos os colaboradores, de forma a coibir a transmissão e propagação de doenças no ambiente.
Entre as práticas de prevenção de infecção hospitalar, é importante mencionar as seguintes.
Higienização das mãos
A higienização das mãos deve ser feita com água e sabão, seguida de álcool em gel. Essa medida, que precisa ser constantemente monitorada, vale tanto para os profissionais de saúde como para os acompanhantes e visitantes.
Regras para visitas
É preciso estabelecer regras para as visitas, como números de visitantes e horários predefinidos. Pessoas com alguma doença infecciosa, como gripe, resfriado e conjuntivite, não devem visitar seus familiares e conhecidos.
Normas de limpeza
Cabe elaborar normas para a limpeza e a desinfecção das dependências do hospital, como tipos de produtos a serem utilizados e a frequência das tarefas. É fundamental orientar os profissionais de limpeza para o uso adequado dos materiais, a fim de que os microrganismos sejam eliminados das superfícies e do ambiente.
Uso correto de antibióticos
É também essencial orientar os profissionais para a aplicação apropriada dos antibióticos. Eles não devem ser prescritos sem necessidade, pois podem comprometer o sistema de defesa dos pacientes, além de favorecerem o desenvolvimento de bactérias multirresistentes.
Realização de monitoramento em casos de infecção
Isso é importante para compreender as causas e desenvolver ações de prevenção. Para reduzir a taxa de infecção hospitalar, os cuidados básicos precisam ser implementados com todos os pacientes, independentemente do diagnóstico e tratamento aplicado.
Também, é preciso incentivar a alta hospitalar sempre que possível, evitando que a pessoa permaneça muito tempo no hospital, tendo em vista que as possibilidades de infecção aumentam com o decorrer do tempo.
Promoção de treinamentos periódicos
Por mais que os profissionais de saúde estejam cientes sobre o risco de infecção hospitalar, nem sempre contam com o conhecimento adequado para prevenir esse problema. Sendo assim, os treinamentos periódicos são ótimos aliados para promover uma qualificação adequada.
Nesse caso, é importante envolver todos os colaboradores que tenham contato com os pacientes, e o foco deve ser o desenvolvimento de técnicas de prevenção que reduzam as possibilidades de infecções por microrganismos presentes nos locais frequentados pelos pacientes.
Acompanhamento dos indicadores de desempenho
Ao monitorar a ocorrência de infecção hospitalar, fica mais fácil antecipar possíveis problemas e adotar medidas preventivas mais eficientes. Para isso, é possível contar com uma ferramenta tecnologia que simplifique o controle. Por meio das informações colhidas, é possível detectar aspectos que elevam ou diminuem as chances das infecções ocorrerem.
Uso de EPI
O EPI tem a capacidade de criar uma barreira entre os profissionais de saúde e um agente infeccioso do paciente. Também pode ser utilizado pela família ou visitante do paciente. Nesse caso, é necessário que sejam instruídos não apenas sobre o uso do equipamento de proteção individual, mas pela higienização correta das mãos.
A escolha do EPI deve ter como base a avaliação de risco da exposição potencial ao agente infeccioso, e devem estar disponíveis no ponto de uso. Os colaboradores também devem receber o treinamento a respeito da utilização e descarte correto dos itens. Afinal, se usado de forma inapropriada, o EPI pode aumentar o risco de transmissão de infecções e colocar os pacientes e integrantes da equipe em risco.
Abordamos, neste artigo, quais as principais causas e tipos de infecção hospitalar e as práticas que devem ser adotadas para evitar as contaminações. Por fim, destacamos a importância do planejamento estratégico e do uso de ferramentas de gestão, por meio das quais é possível ter acesso a indicadores essenciais para o monitoramento das taxas de infecções dentro do hospital e para a tomada de decisões ágeis e acertadas. Bom trabalho!
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